Repartir ou Economizar?

Deus nos chama a usar tudo aquilo que Ele nos dá para servir aqueles que precisam. Nossas forças, talentos, tempo, dinheiro, tudo que temos e somos pertence ao Senhor e, portanto, pertence aos necessitados. Seguindo esse princípio, James Derksen (1993) nos ensina sobre cinco usos santos, segundo a Bíblia, que podemos fazer do dinheiro:

O primeiro é pagar impostos (Rom. 13: 6–7; Mt. 22: 15–22; 17: 24–27; Mc. 12: 13–17; Lc. 20: 20–26; Tt. 3 : 1). O segundo é pagar aqueles que trabalham para você um salário justo (Jr 22:13; Mal 3: 5; Tiago 5: 1–6; Jó 31: 38–39; Mt 20: 1–15; Colossenses 4: 1). Terceiro, o sustento da família (I Tim. 5: 8; Ex. 20:12; Dt. 5: 16; Mt. 15: 3–9; Mc. 7: 9–15; II Cor. 12:14; Ef. 6: 2–3; I Ti. 5: 4,16). Quarto, a obra de Deus nesta terra; como no Antigo Testamento o povo de Israel deveria sustentar os sacerdotes e levitas (Lv 27: 30–32; Nm 18: 21–32), a Igreja deve sustentar aqueles que vivem do Evangelho (I Cor. 9: 13–14; cf Mt. 10:10; Lc. 10: 7; I Co. 9: 7–14; I Tim. 5: 17–18; Tit. 3:13).

O quinto uso santo do dinheiro tem mais a ver com o propósito de Efésios 4.28: ajudar os pobres. Embora os quatro primeiros tenham a ver com pessoas que dependem do nosso dinheiro (o Estado, os nossos trabalhadores, nossa família e aqueles que servem na obra de Deus), parece-me que o foco de Ef 4.28 é a ajuda àqueles com dificuldades financeiras.

Isso é coerente não apenas com as leis do Antigo Testamento, que protegiam e garantiam o sustento dos pobres, mas também com o ensino do Novo Testamento de que devemos ajudar os necessitados, como os órfãos e as viúvas, em suas aflições (Tiago 1:27; Mt. 6: 2–4; Lc. 14:12 -14; 19: 1–9; Atos 6: 1–7; Gal. 2:10). Jesus ensinou que no fim dos tempos aqueles que não doam aos necessitados serão condenados ao castigo eterno (Mt 25,31–46; Lc 16,19–31). Aliás, conforme essas passagens, nosso tratamento para com os pobres indica nossa verdadeira atitude para com Cristo e Seu reino.

Os cristãos são especialmente ordenados a cuidar das necessidades de seus irmãos cristãos. “É assim que sabemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós. E devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos ‘’ (I Jo. 3:16; cf Ro. 12:13; I Ti. 5: 3,5; Fil. 1: 18–19). Esse tipo de doação obviamente inclui mais do que apenas suporte financeiro, mas com certeza não menos.

O exemplo definitivo para o cristão é o de Jesus, que abriu mão de todo o Seu poder e prestígio no céu para que pudesse vir à terra, sofrer e morrer por aqueles que O odiavam. “Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis” (II Co. 8: 9; cf I João 3: 16)

Mas isso significa que devemos doar tudo o que temos? Será que não podemos economizar ou investir? A resposta de James Derksen é que a Bíblia ensina que devemos economizar com o objetivo de cumprir melhor os cinco propósitos acima mencionados, seguindo o exemplo da formiga, que guarda mantimentos para épocas de necessidade (Pv 6: 6–8; 30: 25).

Economizar, nesse sentido, não é intrinsecamente bom ou mau; é uma mera ferramenta, cuja justiça depende do propósito para o qual economizamos. Nesse sentido, a economia é um tipo de trabalho que, como qualquer outro, deve ser usado para a glória de Deus e para abençoar as pessoas. Isso porque o trabalho após a Queda não se trata apenas de dominar e produzir, mas também de preservar e manter (SMITH E WHEELER, 1999) — nesse caso, economizar é um trabalho para preservar e manter o dinheiro a fim de lhe dar um fim devido.

DERKSEN, James. The Christian and the Ethics of Saving. 1993. Disponível em: <http://web.mit.edu/bcf/www/BSJ97/derksen.html>.

SMITH, Galen P.; WHEELER, Bert G. The nature and purpose of work and productivity. Journal of Biblical Integration in Business, v. 5, n. 1, 1999.

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